Enquanto batermos na tecla de trocar pessoas ao invés de processos de administração pública, nada mudará na política nacional.


Texto baseado numa coletânea de ideias de Fernão Lara Mesquita expressas no seu site “Vespeiro”, com auxílio do ChatGBT.

O Poder de Deseleger: Por que o Brasil precisa do Recall de Mandatos

A verdadeira democracia não se resume ao direito de eleger representantes a cada quatro anos. Como lembra Fernão Lara Mesquita, “na ordem institucional, como na vida, manda quem tem o poder de demitir”. Quando o eleitor só pode contratar — sem ter como demitir — abre-se espaço para a corrupção, a impunidade e o divórcio entre representantes e representados.

Nas democracias mais sólidas do mundo, essa lógica já foi incorporada há mais de um século. O voto é acompanhado do direito de deseleger, ou seja, de revogar o mandato de quem traiu a confiança popular. Sem isso, diz Mesquita, “eleger para a inimputabilidade sem ter o poder de deseleger é distribuir cheques em branco e induzir ao estelionato”.

O mecanismo que garante esse poder é o recall de mandatos. Nele, qualquer eleitor pode iniciar uma petição para destituir seu representante. Alcançado um número mínimo de assinaturas — por exemplo, 5% do eleitorado do distrito — convoca-se nova votação. Se a maioria decidir pela saída, o cargo é retomado. Simples, direto, democrático.

Esse instrumento funciona em conjunto com outros pilares, como os referendos e as leis de iniciativa popular. É o que dá substância ao princípio de que “só o eleitor põe, só o eleitor dispõe”. Sem recall, todo o resto da retórica sobre democracia não passa de tapeação: os eleitos tornam-se inimputáveis, blindados contra a vontade dos que deveriam servir.

O Brasil precisa romper com a prática de entregar cheques em branco. Se quisermos de fato uma democracia, temos que devolver ao povo a prerrogativa essencial de qualquer patrão: a de contratar e demitir seus representantes.